segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A HISTÓRIA DA VACINA Capítulo 6 - O experimento cabal

Edward Jenner, o médico que assistia à triste disseminação da varíola entre os ingleses, já não tinha dúvidas: a varíola das vacas tinha alguma coisa a ver com a incrível imunidade das camponesas à mortal varíola humana. Ele já havia feito vários testes com as camponesas e elas eram, de fato, imunes: quando ele as deixava junto com os doentes que estavam em isolamento, nenhuma nunca contraiu a doença. Contudo, outras pessoas que eram submetidas ao menor contato com os doentes, ainda que acidental, ficavam doentes.
Ele desconfiava que a chave para entender a questão estava nas feridas das vacas doentes. O contato com as feridas imunizava contra a varíola humana; essa era a hipótese de Jenner. Mas para ter certeza, restava realizar um teste cabal, um experimento que deixasse claro que era o contato com as vacas que garantia a imunização. Ele precisava que uma pessoa que nunca tivesse estado perto nem das vacas nem dos doentes fosse posta em contato com o líquido que saía das feridas da vaca. Se essa pessoa ficasse imune, então ele saberia que aquela era mesmo a resposta que procurava.

Jenner sabia, contudo, que seu teste poderia custar a vida de uma pessoa. Isso porque para ter certeza de que a imunização ocorrera, era preciso colocar a cobaia perto dos doentes. Se Jenner estivesse errado e o experimento falhasse, essa pessoa certamente contrairia a varíola, e havia grandes chances de morte.

Com muitas dúvidas, o médico decidiu fazer o experimento em uma criança. James, assim ele se chamava, teve o seu braço cortado de leve com um estilete, onde o médico esfregou um pano úmido com o líquido das feridas das vacas. Depois de alguns dias, o menino teve febre, e algumas feridas apareceram em seu rosto.

"Isso era esperado", pensou o médico. "O menino pegou a varíola das vacas".

Restava ainda a parte mais perigosa do teste. O médico levou o menino para a casa onde estavam os doentes em isolamento. Era um lugar triste, onde muitos apenas aguardavam a morte com o corpo desfigurado pelas muitas feridas. O menino ficou lá durante alguns dias.

Para a alegria do médico, o menino não pegou a doença. A ferida das vacas tinha realmente o tornado imune à varíola. Meses depois, Jenner escreveu uma carta para a Sociedade Real, na qual eram anunciadas as descobertas científicas da época: "Chamei o processo de vacinação, porque ele é derivado da vacínia, a varíola das vacas."

São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Caderno do professor: biologia, ensino médio - 1a série, 3o bimestre. São Paulo: SEE, 2008.

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